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Corpos - uma série que bebe de fontes conhecidas, mas entrega viu!!

  • Foto do escritor: Janaina Pereira
    Janaina Pereira
  • 28 de nov. de 2023
  • 3 min de leitura

O mesmo corpo nu, com um tiro no olho aparece no mesmo lugar de Londres em épocas distintas – 1890, 1941, 2023 e 2053, e sim sei que logo aqui já podemos pensar em Dark, e mesmo que Corpos seja baseado num HQ de Si Spencer, a série usa da mesma fonte, em alguns momentos usa da mesma linha de raciocínio, mas pelo menos a série se mantém muito coesa, intrigante, e nos entrega uma qualidade bem acima da média.


A minissérie começa em 2023 com a policial muçulmana Shahara Hasan (Amaka Okafor) que está numa patrulha de uma manifestação, e ao perseguir um rapaz suspeito e que está armado, ela se depara com esse corpo num e sem vida na rua Longharvest Lane. Só que ao começar a investigar algumas coisas trazem mais questões do que respostas, o projétil que perfurou o olho do homem não é encontrado no corpo, e não há a perfuração da saída desse tiro, a polícia não consegue identificar o corpo, realmente parece que ele só apareceu ali do nada.


E conforme Hasan vai se aprofundando na investigação, ela percebe que outros detetives já investigaram o mesmo caso em anos distintos, é o caso de Alfred Hillinghead (Kyle Soller), que em 1890 encontra o mesmo corpo, nas mesmas condições, mas que ao tentar desvendar esse mistério ele acaba se colocando em risco por outros motivos. Já em 1941 o policial Charlie Whiteman (Jacob Fortune-Lloyd) já nos é apresentado escondendo alguns segredos no seu trabalho, e no caso dele lhe foi avisado sobre o aparecimento deste corpo, e em 2053 a policial Iris Maplewood (Shira Haas), encontra o mesmo corpo quando está perto do local.



E uma pessoa que parece saber alguns desses segredos é o político influente e misterioso Elias Mannix (Stephen Graham), ele vive em 2053, e aos poucos vamos compreender como e porque ele sempre está por perto em todas as ocasiões que este corpo aparece. Claro que com essa sinopse, Corpos fala sobre viagem no tempo, e é nesse ponto que eu achei ela mais parecida com Dark, os 8 episódios são muito bem desenvolvidos, e me pareceu dividido em 2 grandes atos, a primeira metade a obra vai te dando um contexto, e levantando inúmeras questões sobre o motivo, já na sua segunda metade, eles vão nos dando repostas , e encaixando os fatos de um jeito muito interessante, inteligente, e que fica fácil para o telespectador acompanhar, e é claro, ficar mais empolgado com a narrativa que Corpos tem a oferecer.


As atuações são ótimas, uma direção incrível, cenas com alguns efeitos que fazem você ficar mais intrigado com esses mistérios, uma trilha que eleva a história, mas para mim o melhor é o roteiro, quando vemos produções sobre viagem no tempo, algo de multiverso, ficção, muitas vezes os termos mais técnicos ficam confuso para você compreender, mas Corpos traz uma explicação plausível, e você vai entender facilmente, sem aquela sensação de que estão explicando demais, os diálogos mesmo em todas as épocas carregam também uma pitada de humor, e pelo menos isso me ajudou muito a entender toda a narrativa. A minissérie foi criada por Paul Tomalin, que também co-escreve alguns episódios com a roteirista Danusia Samal, e eles conseguiram nos entregar algo de muita qualidade, mas que não complica para ter um ar de mais rebuscada, e isso sem menosprezar a nossa inteligência.


Quando estamos em 1941 é impossível não fazer a ligação com as guerras atuais que estamos vivendo, Londres sendo bombardeada a noite, as pessoas indo se abrigar no metrô, é algo que atualmente me dá mais angústia de ver, e eles fizeram essa parte de um jeito bem real. Corpos é uma minissérie excelente, e mesmo bebendo de fontes já conhecidas consegue envolver quem assiste, e confesso que foi bem complicado não assistir tudo de uma única vez, mas se eu pudesse aconselhar um jeito bem interessante de assistir, é realmente a metade da minissérie para você criar teorias, ir conhecendo mais os personagens (isso te ajuda a desvendar alguns mistérios), e depois a outra metade é muito de apreciação de um trabalho muito consistente de se assistir.


A finalização da minissérie resolve de fato o grande mistério da história, e tudo isso acontece com uma dose perfeita de emoção, eles enfim escolheram um novo caminho, e não é que isso lhe traga o final feliz esperado, mas é uma sensação de ter feito a coisa certa, e mesmo que você não saiba de fato tudo que aconteceu, você sente isso, é um final reconfortante. Recomendo muito Corpos, é uma história que você já viu, mas eles não fazem disso um problema, muito pelo contrário é tudo tão bem amarrado, coerente, bem interpretado, os diálogos leves inseridos no momento mais propício, que a experiência de assistir essa produção foi uma das melhores que tive recentemente.



Nota: Excelentíssimo, intrigante, convincente e muito consistente

Onde Assistir: Netflix

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