Ficção Americana - um olhar extravagante, hilário e comovente sobre ser negro nos EUA
- Janaina Pereira
- 25 de jul. de 2024
- 3 min de leitura

Vencedor de Melhor Roteiro Adaptado, e que está disponível no Prime Video, Ficção Americana (American Fiction), contará a história de um escritor negro que começa a questionar o que esperam de suas histórias, porque ele escreve sobre ficção científica, mas o que as editoras falam é que seus livros são “difíceis”, e ele como um escritor negro deveria falar apenas da cultura afro-americana que é difundida por muitos. O filme é a adaptação do livro Erasure, ainda inédito no Brasil, de Percival Everett, e vai narrar Thelonius Ellison – o Monk (Jeffrey Wright) que é o protagonista que neste momento da vida está numa crise no trabalho, e vai ser obrigada a visitar sua família com quem já sabemos que ele não tem muito contato.
E neste momento um acontecimento inesperado o faz ficar mais tempo do que gostaria com sua família, e mesmo sem querer ele vai ter que revisitar seu passado, alguns traumas, e estar mais perto de seu irmão Cliff (Sterling K. Brown), que está vivendo uma nova fase da vida. Sua mãe está com problemas sérios de saúde, e Monk precisa de um dinheiro que no momento ele não possui, é aí que ele tem a ideia de escrever um livro sob um pseudônimo repleto de clichês, com todos os estereótipos afro-americanos, e ele acha que todas as editoras irão repudiar essa história, mas ele é surpreendido com a aceitação expressiva da editora, e fica incrédulo com a resposta de que eles estão diante de um best-seller.

E juntamente com seu editor Arthur (John Ortiz) ele embarca nessa mentira, e acaba criando clichês para dar mais veracidade a esse novo autor negro, que com no primeiro livro já caiu nas graças das editoras, e juntamente com isso ele precisa se relacionar mais profundamente com sua família, e isso em Monk tem quase o efeito de uma grande lupa sobre si. Este não é um filme incrível, mas te arranca risadas plenas em pequenos diálogos, causa uma reflexão sobre a negritude e branquitude, e nos emociona em momentos que não estamos preparados.
Ficou bem definido no longa dois momentos, o primeiro de Monk questionando essa visão sobre a negritude americana, e o segundo sua família, como foi a base que fez Monk ser o que é, e para mim esses são os momentos que mais importantes, você entender como as relações dele nasceram, seus pais, irmãos, e é quando se conecta com essa base que Monk começa a avançar como pessoa. E da mesma forma que você dá muita risada, em meio minuto seus olhos ficam marejados, e por mais rápido que isso ocorra você está ali sentindo com eles. Vou ter que falar que o Sterling K. Brown sempre me emocionou (vejam This is Us), mas seu personagem aqui tem uma história muito interessante, angustiante em alguns momentos, mas diferentemente de Monk ele se abre, quer viver, tem vontade de mostrar ao mundo quem é.
Aqui você não vai encontrar uma historia fantástica, inédita, impactante, mas o que torna Ficção Americana num filme interessante é a forma como ele conta essa história, a graça acompanha grande parte da jornada de Monk, e é preciso dizer que há muito mérito de Jeffrey na construção deste personagem, ele é rabugento, quando começa a sentir de verdade está acostumado a fugir, mas com o decorrer dos acontecimentos ele se vê obrigado a encarar ele, seus sentimentos, seus questionamentos sobre quem é, seu trabalho, sua representatividade como homem negro.
Nota: Bom, intenso, hilário
Onde Assistir: Prime Video
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