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Estação Onze - uma joia escondida no catálogo da Max

  • Foto do escritor: Janaina Pereira
    Janaina Pereira
  • 11 de abr. de 2024
  • 3 min de leitura

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Chicago, 2021 Rei Lear está sendo encenado, e de repente o ator principal Artur Leander (Gael Garcia Bernal) sofre um ataque cardíaco em cima do palco, Jeevan (Himesh Patel) que está na plateia é o primeiro a perceber que algo está errado, e invade o palco para tentar salvar Arthur, mas já é tarde. Com toda a confusão acontecendo Jeevan encontra a pequena Kirsten (Matilda Lawler), atriz mirim que está na peça também, e por inúmeros motivos acaba se oferecendo para leva-la para sua casa, no caminho Jeevan recebe a ligação de sua irmã Siya (Tiya Sircar) que é médica dizendo que uma nova gripe está se alastrando muito, muito rápido, e que ele precisa se abrigar com seu irmão Frank (Nabhaan Rizwan), mas Kirsten está com ele, e logo eles percebem que o mundo irá se transformar drasticamente. Essa nova onda gripal irá definir um novo mundo.


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Kirsten (Mackenzie Davis)

Eu comecei a assistir os 2 primeiros episódios de Estação Onze em 2021, mas por estarmos na pandemia de Covid 2019, eu não conseguia ver sem ficar muito angustiada, as semelhanças com tudo que passamos é bem pesada. A minissérie é uma adaptação de romance homônimo lançado em 2014 pela escritora Emily St. John Mandel, e a trama é como o mundo está depois de quase todos serem dizimados pela gripe, e vamos intercalar os personagens que conhecemos no primeiro episódio, e mostrando o passado, presente e futuro vamos entendo as conexões que essas pessoas possuem, pois há um salto de 20 anos depois do início da pandemia.


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Jeevan (Himesh Patel) e Kirsten (Matilda Lawler)

Estação Onze pode parecer confusa nos seus primeiros episódios, mas as surpresas que a narrativa nos mostra são tão inteligentes, coerentes, emocionantes. Kirsten adulta (Mackenzie Davis) vive com uma trupe intitulada Sinfonia Itinerante, que tem como missão passar por vários lugares encenando Shakespeare, e Kirsten além de atuar, dirige, e é muito querida por todos, mas seu passado é carregado de dores, angústia, arrependimento, perdas, e inevitavelmente isso vem à tona em muitos momentos. A minissérie vai trabalhar muito o conceito da arte para explicar personagens, situações, escolhas, o passado de Arthur vai ser bem mais explorado, e isso vai definir muitas conexões que iremos ver no futuro, tem muitos momentos que você acha que a trama vai se perder, que não há como essas pessoas terem algo em comum, o mundo é o outro, os riscos são constantes, mas cada um deles é persistente em acreditar, seja na arte, no outro, em si, no futuro, na vida, e isso foi uma das coisas que mais me cativou na minissérie.


O último episódio foi catártico para mim, eu chorei tudo que estava engasgado desde o inicio, é um ápice de emoções indescritíveis, e posso afirmar que aqui não há uma solução milagrosa para o que acometeu quase toda a população, eles estão focados no agora, o que podem fazer 20 anos depois do início do fim, mas isso não anula que muitos deles estavam no antes, viviam nesse mundo que não existe mais, e eles sabem dos danos, eles tem mágoas, dores, arrependimentos, e a trama se propõe de forma muito corajosa a contar cada história, a grande maioria dos personagens tem seu enredo muito bem desenvolvido.


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Miranda Carrol (Danielle Deadwyler)

Quero destacar Miranda Carroll (Danielle Deadwyler), que escreve o livro chamado Estação Onze na série, e essa história criada por ela vai permear muitos personagens que sobreviveram a essa gripe, Miranda tem uma força em cena que te hipnotiza, ela demonstra uma determinação incalculável nos momentos mais tensos da trama, e consegue expressar no olhar muito de tudo que Miranda é. Temos que enaltecer também Mackenzie e Matilda, a forma como cada uma entregou um pouco de quem é Kirsten é um deslumbre, essa menina de 8 anos viu o mundo colapsar, se forjou na dor, mas sempre enaltecendo a arte como sua força maior para continuar, acreditar, amar de novo, e isso é uma das muitas joias que encontramos nessa minissérie.

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cena do quadrinho Estação Onze

Levei 3 anos para retornar a Estação Onze, mas foi necessário para compreender cada um desses personagens, e entrar nessa trama depois de tudo que vivemos como sociedade nos últimos anos foi revigorante, essa minissérie é de fato algo muito especial para quem assiste, ela te conecta com o melhor da humanidade, mas te escancara o seu pior sem qualquer pudor, e mesmo assim você termina a historia aos prantos por ser reconhecer neles, é aquela trama que quando for revisitada (e será em breve), vai te fazer ver novos rumos, e se emocionar exatamente como na primeira vez.

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