The Bear 3° temporada - uma narrativa mais intimista, outro ritmo, muitas diferenças, mas é uma grande série.
- Janaina Pereira
- 8 de ago. de 2024
- 3 min de leitura

Para quem está acostumado com o caos de The Bear, e principalmente o ritmo que a série impôs desde o seu início, realmente estranhou muito como foi pensada essa nova temporada. O primeiro episodio é uma imersão em Carmy (Jeremy Allen White), vemos eles no começo de sua carreira, é um episódio que tem uma fotografia belíssima, vamos ver Carmy em outras cozinhas, se aventurando de um jeito que ainda não tínhamos visto. A fotografia, trilha sonora são belíssimas, e tudo isso dá para a série um ritmo mais lento para a narrativa, mas na minha opinião isso acrescentou mais beleza para este início de temporada.
No total são 8 episódios, e o que posso afirmar é que todo o desenvolvimento que os integrantes do The Beef tiveram na 2° temporada é visível neste momento, mas Carmy parece ser o único que ainda tem muitas questões a serem resolvidas. Depois dessa primeira imersão belíssima no passado de Carmy, percebemos que ele agora está determinado em transformar o The Bear num restaurante estrelado, e essa fixação no trabalho para fugir dos problemas está impactando todos os demais, seja em como ele quer mudar quase tudo, todo dia, o custo exorbitante que isso está causando ao restaurante, mas principalmente em como ele está se afastando das pessoas que estão ao seu lado.

Sydney (Ayo Edebiri) se mostra em muitos momentos como apaziguadora entre os surtos de Carmy e os demais integrantes, e essa preocupação está afetando sua vida para além do restaurante, e por mais que ela continue admirando-o, a relação entre eles está muito complicada. Entretanto é a relação de Carmy com Richie (Ebon Moss-Bacharach) que está mais desgastada neste momento, eles se amam, são família um do outro, mas todos os embates que eles têm nesse momento trazem um distanciamento quase palpável entre os dois. Falando em família Natalie (Abby Elliott) está muito bem nesta temporada, ela realmente se encontrou trabalhando no The Bear, e neste momento eu tenho a sensação de que os outros personagens estão vendo nela a pessoa com quem contar neste momento, a disponibilidade que ela tem para escutar as pessoas criou um vínculo muito bonito entre eles.
E Natalie ainda protagonizou um dos mais sensíveis episódios desta temporada, que é o reencontro dela com a mãe Donna (Jamie Lee Curtis), num momento crucial para Natalie, e que é quase como um evento catártico para elas falarem de suas mágoas abertamente, e pelo menos naquele momento poderem ser força uma para outra. E no quesito emocionante temos, enfim um episódio todo sobre a Tina (Liza Colón-Zayas), eu já era apaixonada na personagem, mas adentrar um pouco de seu passado, e testemunhar o quanto essa mulher é determinada, resiliente, foi de fato um evento, em “Guardanapos “(nome do 7° episódio) que é dirigido pelo Ayo Edebiri ou vamos amar a Tina, ou amar muito, muito mais, não há outra opção.

Os irmaos Fak – Neil (Matty Matheson) e Ted (Ricky Staffieri) são o alívio cômico desta temporada, e eles estão muito bem, toda a relação de irmandade que eles trazem para a série, e o jeito despojado acrescentam uma leveza importante para a narrativa. O último episódio de The Bear é a chance que Carmy tem de encontrar um de seus grandes fantasmas, mas fica evidente que tudo que ele esperava deste encontro foi superestimado, as vezes projetamos nossas frustrações nos outros, mas na verdade ela está conosco.
The Bear se mantém com uma grande série, mas neste momento optou por nos contar a vida dessas pessoas de um jeito mais sensível, digamos até introspectivo, e na minha opinião essa foi a temporada com mais foco em declarar o amor a cozinha e para o ato de cozinhar. Não importa se a comida vem com o garbo de uma estrela Michelin, ou se é apenas um sanduiche rápido e simples, todas aquelas pessoas têm uma relação de amor a cozinha, e neste caso ao Carmy, mas suas dores estão tão expostas que ele não enxerga nada, e talvez quando o faça a resposta seja não, chef!
Nota: Muito bom, e o telespectador precisa de um tempo para se adequar ao novo ritmo.
Onde Assistir: Disney+
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