The Bear 4° temporada – Gloriosa, subverteu expectativas, diminuiu a dissonância, elevou emoções, e temos um novo caminho.
- Janaina Pereira
- 3 de jul.
- 3 min de leitura

Sem a menor chance de estar equivocada, The Bear consagra-se nesta 4° temporada como uma das grandes séries da atualidade, eu já resenhei as outras temporadas, muita gente fala super bem da série, ela tem uma base de fãs fiéis e apaixonados, e comercialmente a produção dá retorno e visibilidade para todos. Só que todas as qualidades que envolvem a série milagrosamente não tiraram Christopher Storer do rumo, ele como criador, e mesmo deslizando na 3° temporada, ele conseguiu voltar The Bear com êxito, vontade, dá uma alegria assistir, e tanto a narrativa quanto seus personagens estão vislumbrando um novo caminho.
Começamos esta nova temporada exatamente no dia depois da crítica decisiva para o restaurante, e como as coisas não estão bem, Jimmy (Oliver Platt), e seu sócio “Computer” (Brian Koppelman), colocam um temporizador na cozinha do The Bear com o prazo máximo para que tudo comece a dar certo, mas o que poderia ser extremamente clichê e previsível, é um lembrete para cada um olhar para si, e dessa forma comidas e atitudes começam a surgir.

Carmy (Jeremy Allen White) ainda reverbera uma dor que é quase palpável, mas nesta temporada ele vai caminhando, a passos lentos, para admitir onde está errando, começa de forma muito, muito tímida a falar sobre o que sente, mas é com Richie (Ebon Moss-Bachrach), que ele parece ter o maior bloqueio, desde o desentendimento de antes que eles pisam em ovos, é sempre um quase na relação deles. Sidney (Ayo Edebiri) continua uma cozinheira brilhante, mas carrega uma pressão no trabalho faz sua ansiedade esteja no mesmo patamar que a de Carmy, aliás no quesito trabalho eles têm muito em comum, mas Sydney não foge quando o assunto é quem ela ama, e isso faz a diferença. Richie está mais focado, mas toda a pressão para fazer o restaurante dar certo parece que o afeta mais que aos outros, só que ele tem aquele jeito mais explosivo, e por isso é o primeiro a tomar atitudes concretas para que o restaurante enfim engrene.
Ebraheim (Edwin Lee Gibson) tem mais destaque neste momento, e isso ocorre de uma forma inesperada, porque ele que estava distante de tudo, agora é o primeiro a estar certo do que deve fazer no futuro. Tina (Liza Colón-Zayas), que grandioso é ver o desenvolvimento dela como cozinheira, sem perder o carinho que transborda de sua alma e chega a todos que precisam. Marcus (Lionel Boyce) é um talento consagrado agora, está dedicado ao trabalho, mas sua vida pessoal ainda precisa ser encarada sem medo. Donna (Jamie Lee Curtis), retorna arrebatando nossa atenção e o coração, tudo na matriarca Berzatto continua super, mas há uma nova abordagem, ela este chegando lá.

A crítica falando que o The Bear diz que eles são dissonantes, e isso é um adjetivo que cabe muito bem ao início dessa produção, o caos do The Beef, aquela loucura explosiva dos Berzattos, tudo parecia sempre demais, só que neste momento a sensação é que eles também ser menos, e isso pode ser melhor. Destaco o 7° episódio –Ursos– como o grande momento, aqui fica claro que as pessoas que fazem o The Bear possuem um elo consistente, que há disponibilidade para se estar, escuta atenta, orgulho, amor, perdão, é um momento em que Storer decreta que aqui eles são família. The Bear sempre me emociona, chorei e ri em diversos momentos, me vi ali, eu sei o que é perder alguém, já me perdi na vida, já me enganei achando que sabia o que amava, nem sempre confio em mim. Essas sensações fazem parte de todos, e isso é um dos grandes pontos que nos conectamos com a série, a cozinha é o pano de fundo para dramas reais.
O episódio final começa com a mesma energia que já conhecemos, mas é um momento grandioso, verdades são reveladas, medos verbalizados, dores do passado vem à tona, e isso pode ser um recomeço para o restaurante, e por mais que estejamos acostumados com o caos, o barulho, me anima saber que esses personagens podem ter outras versões mais silenciosas, o tempo acabou, os segundos importaram, e muito, e ainda podemos ter esperança.
Nota: Promissor e excelente, The Bear prova que é possível fazer bem feito.
Onde Assistir: Disney+
Comentários