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Amores Materialistas -Celine Song coloca o amor na mesa, mas o foco é como nos relacionamos em todos os âmbitos

  • Foto do escritor: Janaina Pereira
    Janaina Pereira
  • 13 de ago.
  • 2 min de leitura

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Se você for ver Amores Materialistas esperando um triângulo amoroso, comédia romântica, já te adianto que isso passa longe aqui. Lucy (Dakota Johnson), trabalha como casamenteira, ou seja, sua função é juntar pessoas com o máximo de compatibilidade para começarem um relacionamento. Ela é uma mulher independente, pragmática, objetiva, e que entendeu que a complicação maior é como manter um relacionamento, o amor pode estar presente, mas ele fica em segundo, terceiro plano, ou pode até ser inexistente, o que faz duas pessoas se relacionarem está além disso. E é claro, que essa matemática fria sobre os relacionamentos já desagrada muitos, mas Celine está mais uma vez colocando lentes sobre como algo maior, e que escancara como nos relacionamos atualmente, e isso vai além do sentido amoroso.


Quando está num casamento de uma cliente Lucy conhece Harry (Pedro Pascal), um homem que exala charme, poder, dinheiro, e num primeiro momento Lucy estabelece um diálogo com o intuito de ter um novo cliente, mas Harry deixa evidente que o seu interesse é nela, e neste mesmo local Lucy reencontra John (Chris Evans), seu ex-namorado que está trabalhando como garçom. A premissa do charmoso rico versus o antigo amor pobre é super conhecido, mas aqui não há espaço para uma disputa por Lucy, o que é discutido é como estamos nos relacionando. Harry proporciona a Lucy segurança, status, conforto, acessos, oportunidades, já com Harry há uma atração em voltar ao passado, a quem sabe mudar aquele final que já aconteceu.



Lucy (Dakota Johson) e John (Chris Evans)
Lucy (Dakota Johson) e John (Chris Evans)

O mais chocante é que quando ouvimos, vemos os clientes de Lucy listando coisas que eles consideram como inegociáveis, e na lista  temos  idade, raça, educação, salário, hobbies, altura, já está posto e claro que é um negócio, e a forma como Lucy vai recebendo e montando as conexões, é um planejamento de materiais, ou produtos, em nada te faz lembrar que são pessoas, e todos esses amores materialistas vai fazendo você pensar sobre o que é importante nas nossas relações.


Para quem já assistiu Vidas Passados, o outro filme de Celine Song, já foi com a mente mais preparada para em como ela iria contar essa história, e mesmo que o final pareça fechado, eu senti que não temos uma resolução para nenhum dos personagens, Lucy prioriza um sentimento, mas não está certa dessa escolha, John continua prometendo para si que tudo será diferente, mas há claramente muitas dúvidas sobre sua capacidade, Harry parece disposto a tudo a dar o digamos “último check”, que seria sua vida amorosa, e dessa forma fica para o espectador criar sua narrativa. Amores Materialistas tem amor, mas não é sobre amor, é um retrato muito fiel das motivações que temos para estar com alguém, o que nos dá felicidade numa sociedade que te faz apenas dar “checks”, likes, matches infinitos? Diferente de Vidas Passadas que tem silêncios ensurdecedores, Amores Materialistas grita aos quatro ventos, e nos faz mais uma vez refletir depois que os créditos somem.

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