Um Tipo de Loucura - um ponto de vista sobre amor e envelhecimento
- Janaina Pereira
- 5 de ago.
- 2 min de leitura

Se você procurar no dicionário o significado de loucura achará 2 sentidos, o primeiro fala da alteração mental, mas o segundo diz assim: “sentimento ou sensação que foge ao controle da razão”, e quando conhecemos Elna jovem (Ashley de Lange) falando de forma simplista que nunca quer esquecer a sensação de morrer, você já entende que essa mulher é movida para além da razão. Um Tipo de Loucura é um filme que de cara te lembra Diário de uma Paixão, pela temática da doença. Elna mais velha (Sandra Prinsloo) foi internada por seus filhos numa clínica para debilitados mentais, ela tem comportamentos de quem pode estar sofrendo de Alzheimer ou demência, mas o filme não vai se atentar á sintomas de forma profunda, ele vai de forma muito singela nos contando sobre Elna e seu marido Dan (Ian Roberts).Vamos intercalar o passado e presente de uma forma não linear, mas que ajuda a construirmos quem são essas pessoas, e a bagagem de vida que eles têm aos 70 anos.
Num dia Dan invade a clínica em que a esposa está e a sequestra, é um ato de desespero para salvar os dois, porque vemos o quanto está difícil para Dan ficar sem esposa. O filme vai narrando momentos engraçados, tensos, e quando conhecemos os 3 filhos do casal tudo fica mais doido e familiar. Lucy (Erica Wessels), Olivia (Amy Louise Wilson) e Ralph (Evan Hengest), aparentemente não são próximos, e isso me pareceu pelas escolhas naturais da vida, mas quando eles precisam ir atrás dos pais é o momento crucial para revisitarem seu passado, libertar sentimentos, e de certa forma enxergar Dan e Elna para além de seus pais.
E é exatamente nesses detalhes que o filme me pegou, porque todos temos, tivemos pais, somos filhos, e encarar o envelhecer dos dois lados é muito complexo, e quando há uma doença que literalmente apaga a pessoa que você ama tudo fica mais dolorido. Dan não quer mais ficar longe da esposa, foi sempre junto com ela que a vida fez sentido, então ele apenas vai, e numa cena ele verbaliza, que se for para perder a sanidade que seja os dois juntos. Os filhos divergem em quase tudo, mas o que os une é enxergarem o luto que cada um já está carregando, Lucy racionaliza tudo, Ralph está sentindo tudo, e Olivia não quer sentir absolutamente nada, entretanto numa história com tantas camadas é impossível eles e nós passarmos ilesos.
Terminei o filme aos prantos, e garanto que não foi por um final terrível, mas dói ver todos eles sofrendo, amando, permitindo que mesmo nesse estágio da doença Elna possa escolher, eu chorei pensando na minha mãe idosa, no meu pai que já se foi, e por imaginar como desejaria envelhecer, e mesmo sabendo que não temos controle sobre o futuro, eu queria estar com meus amores, e mesmo se minha mente apagasse isso, tenho certeza de que algum resquício deles ficará em mim, só somos porque temos quem amamos na nossa alma, coração, e isso talvez seja a grande magia do amor, ele resiste, revigora, e é o nosso combustível para continuar.
Nota: Muito bom por trazer sensibilidade para dores e amores.
Onde Assistir: Prime Video






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