Faça Ela Voltar - um grande acerto dos irmãos Philippou, um terror chocante e extremamente comovente
- Janaina Pereira
- 3 de set.
- 2 min de leitura

Depois da decepção que senti ao assistir Fale Comigo – primeiro longa dos irmãos Philippou, em Faça Ela Voltar eu tive a experiência de uma grande história, um terror intenso e provocativo, mas que é uma alegoria para dores de muitos de nós. No filme vamos conhecer os irmãos Piper (Sora Wong) e Andy (Billy Barratt), que ao perderem o pai de um jeito traumático são alocados num lar temporário, pelo menos até Andy fazer 18 anos (em 3 meses), e requerer a guarda de Pipper, que tem uma deficiência visual, e só enxerga luzes/sombras.

Eles são levados para a casa de Laura (Sallly Hawkins), que era uma conselheira, e que já cuida de uma criança – Oliver (Jonah Wren Phillips), além de lidar com a morte de sua filha, que também tinha uma deficiência visual, assim como Piper. De cara já ficamos atentas ao comportamento fora do convencional de Laura, ela oscila muito rapidamente em amorosa, invasiva, controladora, intensa, nos primeiros 20 minutos do filme é tudo “muito “em relação a Laura. Oliver não fala, tem uma postura inquietante, esquisita, parece sempre estar em transe, e Laura atribui isso para Andy e Pipper como um trauma desde a morte de Cathy.
A forma como a câmera acompanha os personagens, as formas muito bem definidas nos planos abertos, tudo vai criando uma atmosfera angustiante em quem assiste, e quando passamos para o terror, os Philippou extrapolam para chocar, dar nojo, as cenas fazem você desviar o olhar, são cenas de horror escancarado. A narrativa é muito bem construída, há uma crescente num ritmo cadenciado, e você é envolvido nos traumas dos personagens principais, sente, vibra, torce para que no fim as coisas possam acabar bem, mas Faça Ela Voltar está muito bem embasada em tratar o luto, a dor da perda de um jeito terrível, e nos leva do asco a uma profunda tristeza.

Temos que ressaltar a atuação contagiante de Sally, e acredito piamente que a partir do que ela entrega em cena todos os outros elevaram seus personagens. Billy Baratti está muito bom, eu acompanho seu trabalho em Invasão – série da Apple TV,+ e que ele está impecável também, Sora Wong tem a ingenuidade latente, mas consegue no seu final cenas impactantes, e quero ressaltar Jonah Wren – o Oliver tem as cenas mais agoniantes, enojantes, chocantes, e é impressionante ver um ator de 12 anos ter essa entrega tão contundente. E mesmo que tanto no nome do filme, como no trailer temos a ideia central do que vai ser contado, é magistral como os Philippou conseguiram elevar os dramas de todos os personagens, e o terror sobrenatural fica apenas de pano de fundo para um drama genuinamente triste.
Nota: Excelente, genial!
Onde Assistir: Nos Cinemas






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